
Recentemente,
por um desses descuidos imperdoáveis, a porta da gaiola ficou aberta e eles
desapareceram como que por encanto. Confesso-lhe que antes desse fato ocorrer,
estava amargurado por vê-los presos. Na minha opinião, um prodígio da natureza
como eles, nunca deveria ser criado em cativeiro, mas exatamente como Deus os
concebeu. A modalidade e velocidade da vida dos pássaros sempre me fascinaram.
Entretanto, quando eles se foram, fiquei inconsolável, mas feliz pela liberdade
que eles reconquistaram. Mesmo assim, mantive a gaiola na mesma posição e
abastecida de comida e água, na esperança de que, caso eles voltassem, pudessem
encontrar a casa em ordem.
A fêmea, no
entanto, não apareceu.
Este fato,
afinal, fez com que perdesse parte da minha admiração por aquele canário e
nunca mais o olhasse com os mesmos olhos: ele tinha trocado a liberdade e a
excepcional mobilidade de deslocamento que o Criador lhe dera, como máxima
manifestação de Sua vontade, pelo cárcere que apenas o alimentava.
E fiquei
meditando sobre os motivos que me fizeram perder a admiração e o encanto por
aquele lindo pássaro, outrora objeto do meu enlevo. É que, no fundo, considero
a liberdade um bem excessivamente valioso para ser trocado apenas por um
punhado de grãos.
A liberdade
tem que ser preservada, deve ser nossa permanente convidada, pois ela é uma
espécie de parentesco que mantemos com Deus.Fundador da TAM
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