quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Liberdade: o bem mais precioso que possuímos

Por ocasião de uma data que considero importante, ganhei de uma pessoa por quem nutro grande estima e admiração, porque nela reconheço qualidades raras de se encontrar, um lindo casal de canarinhos que coloquei bem perto de minha janela para que pudesse ser despertado todos os dias pelo seu cantar sonoro e envolvente. Mas nem sempre tinha a oportunidade de ouvi-los. Chegava quando eles já estavam dormindo e ao sair pela manhã, ainda no escuro, eles ainda não haviam despertado. Mas por ser um presente especial, sempre que podia cuidava deles pessoalmente.
Recentemente, por um desses descuidos imperdoáveis, a porta da gaiola ficou aberta e eles desapareceram como que por encanto. Confesso-lhe que antes desse fato ocorrer, estava amargurado por vê-los presos. Na minha opinião, um prodígio da natureza como eles, nunca deveria ser criado em cativeiro, mas exatamente como Deus os concebeu. A modalidade e velocidade da vida dos pássaros sempre me fascinaram. Entretanto, quando eles se foram, fiquei inconsolável, mas feliz pela liberdade que eles reconquistaram. Mesmo assim, mantive a gaiola na mesma posição e abastecida de comida e água, na esperança de que, caso eles voltassem, pudessem encontrar a casa em ordem.
Passados alguns dias, numa bela tarde ensolarada de domingo, vejo o canário-macho sobre a gaiola, querendo entrar, mesmo não sabendo como. Aproximei-me, cuidadosamente, e ele se manteve imóvel, não esboçando qualquer reação. Tomei-o delicadamente nas mãos e o coloquei de novo em sua gaiola. Ao ver-se dentro dela, ele se dirigiu imediatamente para o depósito de alpiste e passou a comer apressadamente. Naquela tarde, tive de abastecer por três vezes o depósito de alimentos da gaiola para que ele pudesse saciar completamente a sua fome.
A fêmea, no entanto, não apareceu.
Este fato, afinal, fez com que perdesse parte da minha admiração por aquele canário e nunca mais o olhasse com os mesmos olhos: ele tinha trocado a liberdade e a excepcional mobilidade de deslocamento que o Criador lhe dera, como máxima manifestação de Sua vontade, pelo cárcere que apenas o alimentava.
E fiquei meditando sobre os motivos que me fizeram perder a admiração e o encanto por aquele lindo pássaro, outrora objeto do meu enlevo. É que, no fundo, considero a liberdade um bem excessivamente valioso para ser trocado apenas por um punhado de grãos.
A liberdade tem que ser preservada, deve ser nossa permanente convidada, pois ela é uma espécie de parentesco que mantemos com Deus.

Rolim Adolfo Amaro
Fundador da TAM

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