"A certa altura do
filme Crimes e Pecados,
O Personagem
interpretado por Woody Allen diz:
"Nós somos a soma
das nossas decisões".
Essa frase acomodou-se
na minha massa cinzenta
e de lá nunca mais saiu.
Compartilho do ceticismo
de Allen:
A gente é o que a gente
escolhe ser,
o destino pouco tem a
ver com isso.
Desde pequenos
aprendemos que,
ao fazer uma opção,
estamos descartando
outra,
E de opção em opção
vamos
Tecendo essa teia que se
convencionou chamar
"minha vida".
Não é tarefa fácil.
No momento em que se
escolhe ser médico,
Se está abrindo mão de
ser piloto de avião.
Ao optar pela vida de
atriz,
será quase impossível
conciliar com a arquitetura.
Se é a psicologia que se
almeja,
Pouco tempo sobrará para
fazer o curso de odontologia.
Não se pode ter tudo.
No amor, a mesma coisa:
Namora-se um, outro, e
mais outro,
Num excitante vaivém de
romances.
Até que chega um momento
em que é preciso decidir
Entre passar o resto da
vida
Sem compromisso formal
com alguém,
Apenas vivenciando
amores
E deixando-os ir embora
quando se findam,
Ou casar e através do
casamento
Fundar uma microempresa,
com direito a casa
própria,
orçamento doméstico e
responsabilidades.
As duas opções têm seus
prós e contras:
Viver sem laços e viver
com laços.
Escolha.
Morar em Londres ou numa
chácara?
Ter filhos ou não?
Posar nua ou ralar atrás
de um balcão?
Correr de kart ou entrar
para um convento?
Fumar e beber até cair?
Todas as alternativas
são válidas,
Mas há um preço a pagar
por elas.
Quem dera pudéssemos
Ser uma pessoa diferente
cada 6 meses.
Ser casados de segunda a
sexta
E solteiros nos finais
de semana,
Ter filhos quando se
está bem disposto
E não tê-los quando se
está cansado.
Viver de poesia!
Por isso é tão
importante o autoconhecimento.
Por isso é necessário
ler muito, ouvir os outros,
Estagiar em várias
tribos,
Prestar atenção ao que
acontece em volta
E não cultivar
preconceitos.
Nossas escolhas não
podem ser apenas intuitivas,
Elas têm que refletir o
que a gente é.
Lógico que se deve reavaliar
decisões
e trocar de caminho:
ninguém é o mesmo para sempre.
Mas que essas mudanças
de rota
Venham sempre para
acrescentar
Ao caminho anteriormente
percorrido.
A estrada é longa e o
tempo é curto.
Quanto menos a gente errar, melhor.
Martha Medeiros é jornalista e escritora.
Colunista do jornal “Zero Hora” de Porto Alegre, e de “O Globo”, do Rio de
Janeiro.
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