segunda-feira, 23 de junho de 2014

Razões para a nossa existência

por Luiz Eduardo Conti

Por que Deus nos criou? Por que Ele nos colocou para viver neste planeta, em meio a tantas dificuldades e dores, mas também repleto de oportunidades de realização?
Talvez seja essa uma das principais questões existenciais de uma significativa parcela de pessoas dessa Terra.
Muitos caminhos podem ser utilizados para tentar respondê-la, a maior parte deles religiosos. Vou preferir, no entanto, trilhar em outra direção. Penso que a filosofia e a psicologia podem nos ajudar a encontrar uma resposta.
Vamos refletir sobre a seguinte situação, bem possível de acontecer: daqui a muitos anos, um descendente nosso encontra algumas imagens onde aparecemos. Curioso, ele pergunta: “mamãe, quem é essa pessoa?”. Após a resposta da mãe, ele emenda: “o que ela/ele fez de bom?”. Pare e pense por um instante: o que gostaríamos que fosse respondido? O que vamos deixar para as futuras gerações? Qual será o nosso legado?

Construir uma boa obra social: talvez seja essa a resposta para as perguntas iniciais deste artigo. Mas, para tanto, precisamos agir com convicção, convertendo o trabalho para o bem de outras pessoas em uma missão de vida. Reconhecer a importância dessa obra, até como elemento de satisfação pessoal, é condição essencial para realizá-la com plenitude.
O filósofo Mario Sergio Cortella faz o seguinte comentário sobre esse assunto: “Temos carência profunda e necessidade urgente de a vida ser muito mais a realização de uma obra do que de um fardo que se carrega no dia-a-dia”.
Vicktor Frankl, médico e criador da Logoterapia, afirma com muita convicção que “o homem pode suportar tudo, menos a falta de sentido". Ele defende a tese de que as pessoas com dificuldades psicológicas são as que ainda não compreenderam as razões de suas existências.
Legado, missão e sentido de vida: expressões que apontam para uma mesma direção.
Todos nós já paramos para pensar sobre o sentido da vida. Para aqueles que ainda estão com dúvidas, sugiro que respondam esta pergunta: “Se eu não existisse, que falta faria?”. Podemos fazer uma lista de bons motivos. São eles que fazem a vida valer a pena. São as razões da existência.
Certamente, também levantaremos algumas dúvidas. Isso é normal. Essas dúvidas são fundamentais para compreendermos que não somos perfeitos e nos manter com os pés na realidade.
Infelizmente, existem aqueles cuja lista de dúvidas é maior que a de razões. A estes, uma citação de Albert Camus: “boas razões para morrer são boas razões para viver”. Tudo aquilo que poderia nos levar a desistir, pode se transformar em motivos para prosseguirmos, basta mudar o ponto de vista e passar a focar as soluções ao invés dos problemas. Aos “pessimistas convictos” podemos lembrar que a mudança é uma das poucas certezas que temos na vida: nada é permanente, inclusive os nossos problemas.
Guimarães Rosa disse: “o correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta, esfria, aperta e afrouxa, sossega e desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.

Coragem para continuarmos com e pelas nossas razões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário