Por que Deus nos criou? Por que Ele nos colocou para viver
neste planeta, em meio a tantas dificuldades e dores, mas também repleto de
oportunidades de realização?
Talvez seja essa uma das principais questões existenciais de
uma significativa parcela de pessoas dessa Terra.
Muitos caminhos podem ser utilizados para tentar respondê-la,
a maior parte deles religiosos. Vou preferir, no entanto, trilhar em outra
direção. Penso que a filosofia e a psicologia podem nos ajudar a encontrar uma
resposta.
Vamos refletir sobre a seguinte situação, bem possível de
acontecer: daqui a muitos anos, um descendente nosso encontra algumas imagens
onde aparecemos. Curioso, ele pergunta: “mamãe, quem é essa pessoa?”. Após a
resposta da mãe, ele emenda: “o que ela/ele fez de bom?”. Pare e pense por um
instante: o que gostaríamos que fosse respondido? O que vamos deixar para as
futuras gerações? Qual será o nosso legado?
O filósofo Mario Sergio Cortella faz o seguinte comentário
sobre esse assunto: “Temos carência profunda e necessidade urgente de a vida
ser muito mais a realização de uma obra do que de um fardo que se carrega no
dia-a-dia”.
Vicktor Frankl,
médico e criador da Logoterapia, afirma com muita convicção que “o homem pode
suportar tudo, menos a falta de sentido". Ele defende a tese de que as
pessoas com dificuldades psicológicas são as que ainda não compreenderam as
razões de suas existências.
Legado, missão e
sentido de vida: expressões que apontam para uma mesma direção.
Todos nós já
paramos para pensar sobre o sentido da vida. Para aqueles que ainda estão com
dúvidas, sugiro que respondam esta pergunta: “Se eu não existisse, que falta
faria?”. Podemos fazer uma lista de bons motivos. São eles que fazem a vida
valer a pena. São as razões da existência.
Certamente, também levantaremos
algumas dúvidas. Isso é normal. Essas dúvidas são fundamentais para compreendermos
que não somos perfeitos e nos manter com os pés na realidade.
Infelizmente,
existem aqueles cuja lista de dúvidas é maior que a de razões. A estes, uma
citação de Albert Camus: “boas razões para morrer são boas razões para viver”.
Tudo aquilo que poderia nos levar a desistir, pode se transformar em motivos para
prosseguirmos, basta mudar o ponto de vista e passar a focar as soluções ao
invés dos problemas. Aos “pessimistas convictos” podemos lembrar que a mudança
é uma das poucas certezas que temos na vida: nada é permanente, inclusive os
nossos problemas.
Guimarães Rosa
disse: “o correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta, esfria,
aperta e afrouxa, sossega e desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.
Coragem para
continuarmos com e pelas nossas razões.
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