Pensamos sobre o futuro de uma forma que nenhum outro animal
pode, faz ou já fez, e esta ação simples, inequívoca e normal é uma
característica que define nossa humanidade.
Ver é ter a
experiência do mundo como ele é. Lembrar
é ter a experiência do mundo como ele era. Mas imaginar, ah, imaginar é ter a experiência do mundo não como é ou
já foi, mas como ele poderia ser.
A maior conquista do cérebro humano é a sua capacidade de imaginar
objetos e episódios que não existem no reino da realidade, e é esta capacidade
que nos permite pensar sobre o futuro.
Nosso cérebro foi feito para antecipar o que vai acontecer,
e é simplesmente isso que ela vai fazer.
Como disse um filósofo, a mente humana é uma “máquina de
previsões”, e “fazer o futuro” é sua mais importante função.
Mas o que significa exatamente “fazer o futuro”?
Há pelo menos duas formas pelas quais é possível dizer que o
cérebro faz o futuro.
Todos os cérebros – os humanos, os de chimpanzés, até mesmo
os de esquilos armazenadores de comida – fazem previsões sobre o futuro
imediato, local e pessoal. Desempenham tal função com base em informações
provenientes de eventos atuais (“sinto cheiro de algo”) e eventos passados (“na
última vez que senti esse cheiro uma cousa enorme tentou me comer”) para
prever aquilo que provavelmente acontecerá em seguida. Note-se, porém, que se
trata de uma habilidade tão básica de prescinde de raciocínio consciente.
Prescinde até da existência de um cérebro. Até seres descerebrados conseguem realizar essa ação.
A segunda forma de construir o futuro, apenas o ser humano
consegue fazer. Nesse caso, a presença de um cérebro e do raciocínio consciente
é imprescindível.
Trata-se de prever o que vai acontecer mais tarde, ou quais
as consequências futuras dos fatos que nos atingiram agora.
Só uma pessoa adulta é capaz de pensar como as coisas serão.
Em algum momento entre a infância e a velhice, aprendemos o que significa “mais
tarde”.
(excertos do cap. 1 do livro O Que Nos Faz Felizes, de
Daniel Gilbert, Editora Elsevier, com adaptações)
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